terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O parto como o parto deve ser

Quando conheci a Thamy em sua primeira gestação, ela queria muito um parto normal e sua GO já estava dando indicações de que isso não iria ocorrer sob seu atendimento, então eu a orientei de que ela tivesse seu bebê em uma maternidade do SUS e assim foi...como vcs verão no relato abaixo, ela teve sim seu parto normal, mas muito longe de um parto humanizado. Por mais boa vontade que a equipe tenha tido com ela, as intervenções e algumas violências obstétricas fizeram com ela ficasse traumatizada e com medo de passar por tanto sofrimento novamente, pois intervenções desnecessárias e mal aplicadas geram dores e traumas sim, e só Deus sabe  quanto me doeu ver ela passar por tudo sem poder intervir...
Mas felizmente dessa vez fomos para uma maternidade que busca a humanização e é referência na cidade de Curitiba, e ela foi atendida por enfermeiras obstétricas que respeitaram seu tempo pois sabiam que seu corpo sabia o que fazer e era só esperar e confiar pois bebês sabem nascer e mulheres sabem parir! 
E ela pariu lindamente, lavando não apenas sua alma como também a minha, pois nada mais gratificante para uma doula do que ver sua doulanda e amiga viver o parto com dor, suor e lágrimas sim, porém um parto natural, cheio de amor, respeito e carregado das melhores emoções como todo parto deveria ser!
Parabéns Thamy, foi um prazer ser sua doula mais uma vez,minha doulanda bailarina!




Em 2014 tive meu primeiro filho, de parto normal. Na época achei ter sido um bom parto, contudo, hoje comparando com a experiência do segundo filho, vi que sofri intervenções desnecessárias no primeiro parto como soro de ocitocina, manobra Kristeller (o que soube mais tarde ser totalmente proibida), além de ter tido que parir na posição solicitada pelos médicos, que não era a que eu queria. Enfim, mas Deus foi generoso comigo e me deu um segundo parto incrível. Vamos ao relato.

Com 36 semanas, fiz uma ecografia de acompanhamento e o médico me informou que o bebê já estava com 3,8kg. Se a gestação se prolongasse até as possíveis 40 semanas, eu teria um bebê macrossômico, com cerca de 4,5kg. Levei a ecografia para minha médica (que é um anjo). Ela me acalmou e disse que não acreditava que o bebê estivesse tão grande, comentou a possibilidade de fazermos um toque para descolamento da bolsa com 37 para 38 semanas. Isso ajudaria o desencadeamento do parto. Foi o que fizemos. Com exatas 38 semanas, fui ao consultório pela manhã. Bebê ótimo, cefálico desde 4 meses, colo com 3cm de dilatação a vários dias; ela então resolve fazer o toque (super dolorido por sinal). Na mesma hora veio uma contração. A doutora me explicou que poderiam demorar até 2 dias para o trabalho de parto iniciar. 
Contudo, senti contrações (indolores) durante todo aquele dia. Por volta das 18h as contrações começaram a progredir, dores como cólicas, depois aumentando. Como já passei por isso antes, sabia que o bebê viria naquele dia. Comecei a cronometrar as contrações lá pelas 20h. Já estavam bem frequentes e doloridas. A meia noite a dor já estava muito forte. Liguei para minha mãe, que ficou com meu filho mais velho e partimos eu e meu marido para a maternidade do Bairro Novo.  Lá encontramos meu anjo (minha doula Carla), com quem eu já estava falando durante todo o dia. Ela estava me esperando, e juntas demos entrada na maternidade as 01h da manhã, já com 7/8 de dilatação. 
Fiquei absolutamente surpresa com a forma que fui tratada. Fui encaminhada para um quarto (bem grande por sinal), onde fiquei sozinha com a Carla. A enfermeira auxiliar e a enfermeira obstétrica vieram se apresentar (uns amores). Tinhamos bola de pilates, chuveiro quente, musica tocando numa playlist, luzes bem baixas e confortantes, banco de parto, enfim. Tudo que precisávamos para um parto lindo estava lá.
Como eu já estava com muita dor, sentei na bola de pilates e lá ficava durante cada contração. Procurando relaxar o quadril, recebendo massagem da Carla, respirando fundo e gemendo (foi libertador, pois no primeiro filho eu tinha medo até de gritar, achando que seria mal tratado pelos médicos). Entre as contrações eu conversava com a Carla, caminhava e cantava as músicas. Foi dessa forma até as 5h da manhã. Depois fomos para o chuveiro, já no banquinho de parto, onde já com dilatação total, senti a forte vontade de empurrar. Não recebi toque nenhuma vez, não fui obrigada a fazer nada em nenhum momento. As enfermeiras entravam e saiam. Amorosas, preocupadas, humanas. Deixaram-me protagonizar, literalmente, meu parto. Comecei a fazer forca ainda no chuveiro, contudo a água de repente esfriou e fomos rapidamente para o quarto. Naqueles poucos passos já achei que meu filho cairia pelo meio das minhas pernas. Sentei novamente no banquinho, no meio do quarto. Minha doula atrás de mim me dando as mãos, e mais duas enfermeiras a frente, com um espelho no chão, apenas me incentivando e aguardando o Nathan coroar. Então, cabeça passou (ardendo muito), mais uma grande força, nasceu o corpinho. Que alívio. As enfermeiras apenas ampararam meu filho com lençóis brancos e diretamente ele foi colocado em meu peito. Foi incrível. Senti-me empoderada, forte, vitoriosa. Olhei pro meu pequeno se esforçando para dar suas primeiras puxadas de ar, todo sujinho, quentinho, mas ali... no meu colo. Foi a sensação mais incrível que já passei. Minutos depois a placenta nasceu, sem esforço. E Nathan aos poucos passava a respirar mais forte, que maravilha. Passado todo processo, meu corpo não aguentou. Desmaiei, as enfermeiras tiverem tempo de apenas tirar o bebê e me amparar. Acordei já na cama, com a Carla segurando o Nathan. Depois ele veio pros meus braços novamente e mamou. Nisso meu marido entrou no quarto, conheceu nosso pequeno e pode curtir esse momento conosco. Assim veio ao mundo meu segundo menino, com 3,810kg e 51 cm, apgar 9/10. Lindo e perfeito. Fiquei impressionada com meu parto e com a humanização da maternidade. Que experiência! E como sempre a presença da minha doula, me trouxe paz e segurança. 

Thamy Maia